sábado, 28 de fevereiro de 2015

Bata ao braço, um café e um bagaço

Alguma alma caridosa que me explique esta notícia como se eu fosse muito burra.

Ora portanto, a Associação Nacional das Farmácias acha que vender medicamentos em farmácias e parafarmácias não chega, e quer alargar o negócio a cafés, bombas de gasolina, quiosques e afins. São as novidades fresquinhas que nos chegam do sector farmacêutico, proferidas directamente pelos "cães grandes" do sítio.

Não sei se ria, se chore. Estamos portanto a equiparar medicamentos a aperitivos; a vender, num mesmo espaço, produtos de saúde e revistas. Por um lado apelam ao uso racional do medicamento, por outro espalham-nos em tudo o que é sítio como doces para crianças, a promover a compra por impulso.

Surgem-me várias dúvidas. Por exemplo, não sei se vão pegar nos empregados das gasolineiras e cafés e dar-lhes uma formação sobre medicamentos, ou se vão dar-me a mim formação sobre diesel e octanas, abatanados e cariocas. Num momento vendo pãozinho acabado de sair do forno, a revista Maria, o amaciador para a roupa com cheirinho a flores campestres, no momento seguinte visto uma bata branca e vendo aspirinas a hipocoagulados e anti-inflamatórios a asmáticos. Da parte da tarde ponho uma capa esvoaçante e transformo-me na super-mulher, que isto hoje em dia é preciso ter olho para o negócio e ser polivalente.

Agora a sério, isto anda pior do que os chineses, em todos os buraquinhos se abre um espaço de venda de medicamentos. Vão por mim e não se virem de costas para a ANF. O critério é nenhum, a falta de bom senso é abismal, a incompetência das entidades que deviam ser competentes dá-me cabo do juízo. Assim como ver a saúde a ser tratada com esta leviandade, tenho em vista só e apenas cifrões e oportunidades de negócio. Merda de país este, que quanto mais esperneia mais se enterra.

Preciosismos à parte, temos aqui um nicho com muito potencial de mercado. Já estou a imaginar: anti-ácidos nos restaurantes, cremes para as picadas e queimaduras nos bares de praia, pílulas do dia seguinte nos hóteis. O céu é o limite. Isso ou a estupidez humana, já estou como o Einstein.

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